A Playlist de Hayden e uma nova experiência

22 maio


Demorei muito tempo pra pegar A Playlist de Hayden pra ler e isso de certa forma foi bom, pois ao longo desse tempo eu vi muitos comentários negativos a respeito da obra, o que diminuiu minha expectativa mas não a minha curiosidade.

A história conta sobre dois grandes amigos, Hayden e Sam, nerds e antisociais que sofrem cada um do seu jeito com vários tipos de rejeição. Seja na família, ou no bullying sofrido na escola. Hayden acaba suicidando e deixando apenas uma playlist para seu amigo, com a promessa de quando escuta-la ele vai entender porque ele chegou naquele extremo de tirar a vida.

É bonito acompanhar a amizade dos dois, mas também é triste ver tudo que o Hayden sofria. A autora conseguiu criar páginas muito envolventes com suaves toques de mistério. Daqueles que nos fazem querer ler várias e várias páginas seguidamente. E foi isso, principalmente que mais me atraiu no livro. Pois como ele é bem leve, ele não se aprofunda tanto na questão do suicidio e do bullying em si, ou até em depressão. Conta mais o lado do Sam e de como foi pra ele ficar aqui sozinho. O forte foi a trama, e o senso de urgência misturado com aventura, o que levou a um clímax ótimo que acabou indo meio que por água abaixo.


Ao mesmo tempo que esse mistério é o mais envolvente, a resolução de tudo fica a desejar. Parece que a autora percebeu que as páginas estavam acabando e precisava escrever algumas respostas. Umas questões ficaram em aberto, outras foram mal respondidas e ficando com aquela sensação de "por isso mesmo". Independente disso, é um livro que vale ser lido, mesmo que sem grandes expectativas. Outro ponto alto e baixo de A Playlist de Hayden é a própria playlist, e que cada música é o nome do capítulo e disso que falarei a seguir.



Vivendo uma nova experiência...

Nunca havia lido nada que aparentasse ter uma ligação tão forte com a música. Cada música da playlist dava nome ao capítulo e eu resolvi para ter uma total imersão na história, escutar e ver a tradução de cada canção antes de iniciar cada capítulo. A cada letra que eu lia, a cada melodia eu sentia quase na pele a dor de Hayden. Na verdade, toda a intensidade que não existiu nas páginas do livro, esteve nas músicas. Com elas eu pude perceber como o personagem estava depressivo e sofrendo. Eram músicas pesadas, de dor e morte. 

Essa imersão por si só já foi uma experiência única, além do mais, em todo lugar que eu buscava alguma música, nos comentários de vídeos ou até mesmo em sites de tradução, eu via alguém falando que estava lá por conta da leitura e por conta de Hayden. E são em momentos como esse que podemos perceber a importância de um livro em nossas vidas e de como ele pode unir as pessoas mesmo da forma mais inusitada.

Infelizmente, a playlist que é maravilhosa não foi o suficiente para cumprir o papel de explicador. Cada música não influenciava em nada no capítulo, tirando algumas exceções e elas na verdade não explicam nada especificamente do motivo, o estopim do Hayden, mostra como ele estava depressivo e pensando em fazer algo. Essa ideia tão boa da autora, acabou deixando a desejar.






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4 Comments

  1. Me preocupo um pouco com esses livros que falam de suicídio. As vezes parece mais uma jogada de marketing livreiro jogar suicídio na sinopse pra chamar atenção quando, na verdade, o livro mal toca no assunto e aborda melhor a questão do luto e da perda. Foi o que vi nesse livro, o principal dele seria uma pessoa superando a perda de alguém querido, e não essencialmente a depressão e o que mais acontecer dai. Meio falho essa historia mesmo...

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  2. Achei a proposta do livro interessante, mas não foi algo a ponto de me fazer querer lê-lo. Gosto da ideia de juntar música com literatura, caso isso seja feito de maneira coesa e com o intuito de transmitir através das músicas uma experiência ainda mais especial com o livro. Caso você queira ler um livro que faça isso bem, deixo como recomendação Rotas de Fuga, da autora Nina Spim. É nacional e você encontra com facilidade o e-book na Amazon.

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  3. Concordo com o Falkner, depressão e suicídio é um assunto delicado. Acho que se é para ser apresentado como parte principal da trama, tem que ser responsável e entender sobre o assunto proposto. E se você disse que ele é um livro que se gira em torno do motivo do melhor amigo do protagonista ter se suicidado mas no fim não se aprofunda nisso. Não me parece que foi responsável.

    Bites!
    Tary Belmont

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  4. Pois então, me junto ao Falkner e à Tary no sentido de que não sei até que ponto é legal abordar temas como suicídio. Acho um assunto super delicado e que DEVE ser tratado na nossa sociedade - por sinal, anteontem vi o filme "A Silent Voice/Koe no Katachi" que trata exatamente sobre isso, e achei lindo. Mas ultimamente são tantas obras sobre o assunto que fico em dúvida se a intenção é boa ou se é puramente comercial. E o lance da própria playlist, pelo que você disse, tem tanto enfoque até na capa, mas não influencia tanto na história? Não curti não hehe, mas obrigada por compartilhar tua opinião, a resenha está bem completinha ^^

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